Os EUA vão às urnas, e você com isso?

O resultado das eleições pode impactar a dinâmica dos mercados daqui para frente.

por

Danilo Igliori

Paula Zogbi

3 min.

-

Publicado em

10/1/2024

Chegou o grande momento. No próximo dia 05/11, cidadãos americanos vão às urnas para escolher entre Kamala Harris e Donald Trump como próxima ou próximo presidente do país. O resultado pode impactar a dinâmica dos mercados daqui para frente. 

Mesmo antes do resultado, aliás, as eleições já se fazem sentir na variação dos preços de ativos. Particularmente acirrado, esse pleito já traz volatilidade para os mercados. As casas de apostas têm precificado chance maior para vitória de Trump, mas as pesquisas eleitorais formais mostram praticamente 50% de chance para cada. Essa diferença pequena, somada às dificuldades relacionadas ao sistema eleitoral americano, devem trazer uma grande dificuldade na apuração dos votos esse ano, e a chance de conhecermos o resultado na própria terça-feira é muito pequena. Caso se estenda por dias, como ocorreu em 2020, a contagem de votos em si tem potencial de trazer altos níveis de volatilidade para o mercado, já que o grande fator de volatilidade das bolsas em período eleitoral é, justamente, a incerteza.

Em relação a cada candidato, o mercado tem percebido Kamala Harris como uma continuidade das políticas de Joe Biden, o que geraria menos incertezas em caso de sua vitória. Uma diferença importante, porém, é que as grandes empresas eram hostis a Biden devido à sua política de impostos corporativos, uma imagem da qual Kamala tem tentado se distanciar com planos na linha de indicar pessoas menos rigorosas para a SEC, equivalente à CVM americana,  e a FTC, órgão antitruste do país. 

Setorialmente, suas propostas visam melhorar o poder de compra da população, o que pode beneficiar setores como o varejo e a construção de habitação de baixa renda. O mercado também acredita que um governo Kamala continuaria a implementar o Inflation Reduction Act e as tarifas sobre veículos elétricos chineses para acelerar a transição energética, focando nas metas de redução de emissões de carbono. Assim, as energias renováveis são uma das principais apostas do "Kamala Trade".

Por outro lado, Trump apresenta um discurso de redução dos impostos corporativos, visto como algo positivo para o setor financeiro. Ele é um forte defensor de combustíveis fósseis (sendo responsável por tornar os EUA o maior produtor de petróleo do mundo), o que favorece o setor. Suas políticas protecionistas podem, por um lado, beneficiar a indústria nacional, mas, por outro, aumentar os custos para empresas que dependem de importações de insumos, incluindo tecnologia, especialmente da China. 

As tarifas sobre importações e a promessa de deportação de uma grande quantidade de imigrantes (cerca de 8 milhões de trabalhadores, segundo estimativas recentes) podem gerar pressões inflacionárias ao elevar os custos para empresas, que tentarão repassar esses custos ao consumidor final. Embora Trump defenda taxas de juros baixas, um possível segundo mandato republicano pode resultar em maiores dificuldades no processo de afrouxamento monetário nos EUA e na valorização do dólar.

O que fazer?

A verdade é que, para a maioria dos investidores, a resposta pode ser a mesma: seguir sua própria estratégia e “ignorar” as eleições. É verdade que anos eleitorais costumam aumentar a volatilidade. Na verdade, os níveis do VIX costumam ficar relativamente dentro da média ao longo do ano, com exceção do próprio mês de outubro, quando o índice de volatilidade sobe bastante. Depois, a tendência de longo prazo da bolsa americana costuma ser sempre a mesma: crescimento: o único ano desde 1984 que a bolsa teve uma queda nos 12 meses pós eleições foi 2000, no meio da bolha de tech (veja mais na seção Por que investir no exterior?). 

Portanto, se você quiser fazer trades específicos relacionados à eleição, existem, sim, caminhos. Mas caso seja como a maioria dos investidores, buscando estratégias de multiplicação de patrimônio e proteção para o longo prazo, não tenha dúvidas: a melhor estratégia continua sendo conhecer seu perfil, investir de acordo e manter sua posição consistentemente.

Danilo Igliori

Economista-chefe da Nomad. Professor do Departamento de Economia da FEA-USP, PhD pela Universidade de Cambridge. Foi um dos fundadores da DataZAP, no Brasil já atuou em empresas como BTG Pactual, Unibanco, Vale, Grupo Zap e OLX, e no Reino Unido, em agências internacionais como Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento.

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Paula Zogbi

Gerente de Research e Head de conteúdo na Nomad, tem mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro, foi head de conteúdo na XP, analista na Rico e jornalista na InfoMoney e EXAME. É graduada em jornalismo pela USP e tem certificação CNPI pela Apimec.

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