O que é Risco Brasil? Veja como funciona e como usar em investimentos

Por:
Paula Zogbi
19/8/2024
|
Atualizado em
27/12/2023
15 min de leitura

É bem possível que você já tenha ouvido falar sobre o Risco Brasil em algum momento, seja vendo uma notícia sobre o setor econômico ou procurando alternativas de investimento no mercado financeiro.

Esse conceito está diretamente relacionado à confiança que o Brasil inspira para investidores internacionais, de acordo com a situação econômica e política atual do país. 

Se você quer saber o que é Risco Brasil, como ele é calculado e como não deixar que os seus investimentos sejam afetados pelas oscilações desse indicador, acompanhe a leitura deste artigo até o final.

O que é Risco Brasil?

Para entender o que é Risco Brasil é importante saber que ele também pode ser chamado de Risco País e é um tipo de indicador que permite aos investidores estrangeiros avaliar a estabilidade política e econômica do país. Assim, podem considerar os riscos existentes ao alocar parte de seu capital no Brasil.

Dessa forma, o indicador serve para informar o quão seguro é realizar investimentos na economia brasileira, em um determinado momento econômico, revelando aos investidores se o risco de sofrer prejuízos está alto ou baixo.

O Risco Brasil pode ser medido com o conjunto dos índices EMBI+ Br, Credit Default Swap do Brasil (CDS) e Rating, por exemplo. Quanto mais alto for o valor dos 2 primeiros e menor o Rating, maior será o risco para os investidores e, consequentemente, mais baixa estará a sua confiança em fazer aplicações financeiras no país. 

Entre os principais fatores que influenciam o Risco Brasil estão a política monetária e fiscal do país, as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) e para a inflação, e a estabilidade – ou instabilidade – política. 

Agora que você já sabe o que é Risco Brasil, descubra qual é a importância desse índice.

Qual a importância do Risco Brasil?

O Risco Brasil é um indicador de extrema importância para a economia nacional, já que as suas variações podem impactar todo o sistema financeiro, sendo notadas até mesmo nas menores operações de investimentos. 

Isso porque, quando o Risco País está alto, investidores estrangeiros tendem a tirar o seu capital do país, procurando economias mais estáveis e promissoras para fazer as suas aplicações. 

Dessa forma, a cotação do dólar tende a subir, assim como os juros, o que faz com que o preço de ações e títulos possa diminuir e com que haja um clima de desconfiança em todo o mercado financeiro, possivelmente ocasionando prejuízos a longo prazo.

Por outro lado, quando o Risco Brasil está em baixa, isso significa que a economia do país está estabilizada, o que atrai aportes de investidores estrangeiros e aquece o mercado nacional, podendo fazer os ativos valorizarem e haver um maior volume de negociações. 

Por essa razão, todos os brasileiros que fazem investimentos no país devem estar atentos a esse indicador, de forma a evitar surpresas que possam causar perdas no patrimônio e aproveitar os momentos de economia aquecida.

Até aqui você aprendeu o que é Risco Brasil e qual a sua importância na economia, mas pode estar se perguntando como esse índice é calculado. Então, acompanhe o artigo e saiba mais.

Como o Risco Brasil é calculado?

Existem três instrumentos principais utilizados para calcular o Risco Brasil: 

  • EMBI+ Br;
  • Credit Default Swap (CDS); 
  • Rating. 

A seguir, entenda como cada um deles funciona.

EMBI+ Br

Essa sigla significa Emerging Markets Bond Index Plus (em tradução livre: Índice de Títulos da Dívida de Mercados Emergentes). 

Esse índice é usado como referência para economias emergentes, pois revela o spread (ou seja, a diferença de valor) entre os retornos dos títulos de mercados emergentes e títulos livres de risco, como o título emitido pelo tesouro americano. Quanto maior esse spread, entende-se que o risco país também é maior.

Assim, o EMBI+ Br funciona como um indicador do risco de o Brasil não honrar o pagamento de suas dívidas externas, o que se reflete no mercado de ativos. 

Diariamente, o EMBI+ Br é calculado pela instituição financeira norte-americana JPMorgan Chase desde 1993, e suas atualizações podem ser acompanhadas pelo site do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

CDS

O CDS (Credit Default Swap) funciona como uma espécie de seguro contra possíveis dívidas nas operações de crédito e pagamento de títulos públicos. Ele protege os investidores contra o default, ou seja, o risco de não receber o pagamento por suas aplicações. 

Basicamente, o CDS é um contrato de seguro firmado entre as seguradoras que emitem títulos e os investidores estrangeiros. Quanto maior for o número de contratações do CDS, maior o preço do título e, consequentemente, maior será a percepção de risco de default, o que tende a elevar o Risco Brasil.

Rating

O Rating, por sua vez, é a avaliação dada por uma agência classificadora de riscos, como as renomadas Standard & Poor's (S&P), Fitch Ratings e Moody's. Para avaliar um país, elas se baseiam em uma série de critérios econômicos e políticos, e estabelecem uma nota final que varia entre AAA e C/D. 

Quanto melhor o Rating sugerido pelas agências, maior tende a ser a capacidade do país em honrar os seus compromissos financeiros, o que leva o Risco País a ficar mais baixo e atrair investidores.

Qual é o Risco Brasil hoje? O que os indicadores revelam?

Falando em Rating e da agência de classificação de risco Standard & Poor’s, o mês de junho de 2023 foi positivo para o Brasil. Pela primeira vez em quatro anos, a S&P melhorou a perspectiva do Brasil de estável para positiva, um sinal que indica a melhora do clima econômico e político do país, refletindo uma visão mais favorável da capacidade do Brasil em honrar suas dívidas.

Na avaliação da agência, a nota positiva se deve pelos sinais de maiores certezas sobre as políticas fiscais e de estabilidade para a política monetária. Apesar de déficits elevados nas contas públicas, o novo arcabouço fiscal pode resultar em um aumento menor do ônus da dívida do governo do que o inicialmente esperado.

Como o Risco Brasil é uma métrica que reflete a percepção do mercado internacional sobre a estabilidade econômica e política de um país, uma perspectiva mais promissora ajuda o Brasil a ter acesso a empréstimos com taxas menores e atrair mais investimento estrangeiro. Além disso, um maior otimismo sobre a economia brasileira abre espaço para redução da taxa de juros pelo Banco Central do Brasil.

Atualmente, a classificação do Brasil na S&P é BB-, considerada intermediária, porém ainda um grau abaixo da indicação de um país considerado seguro para investir. Mas a mudança de ares sobre o Risco Brasil no segundo semestre de 2023 já é notada. Um exemplo disso é o dólar, cotado abaixo dos R$ 5.

Como o Risco Brasil se compara ao de outros países?

Quando comparado a outros países, o Risco Brasil é semelhante a diversas outras economias emergentes, como Índia e África do Sul, que têm classificações de risco parecidas com o Brasil. 

Comparado ao de países desenvolvidos, o Risco Brasil é significativamente maior. Países como Alemanha, Canadá e Estados Unidos têm classificações de crédito AAA ou AA, o que indica um nível muito baixo de risco.

Em relação aos nossos vizinhos da América Latina, o Brasil está em uma posição intermediária, de acordo com o EMBI do JPMorgan Chase divulgado no início de 2023. 

Veja a lista de Risco País da América Latina, do maior para o menor:

  • Bolívia: 664 pontos
  • Honduras: 582 pontos
  • República Dominicana: 390 pontos
  • Colômbia: 377 pontos
  • México: 373 pontos
  • Costa Rica: 369 pontos
  • Brasil: 262 pontos
  • Guatemala: 255 pontos
  • Paraguai: 233 pontos
  • Peru: 225 pontos
  • Panamá: 205 pontos
  • Chile: 160 pontos
  • Uruguai: 111 pontos

É importante destacar que a comparação do Risco Brasil com outros países não é apenas uma questão de números, mas também leva em conta fatores qualitativos, como estabilidade política e a força das instituições econômicas.

Como as agências de risco determinam o Risco Brasil?

As agências de classificação de risco, como a Standard & Poor's, Moody's e Fitch Ratings, usam vários critérios para avaliar o risco de crédito de um país. Essas avaliações de risco são usadas por investidores internacionais para determinar a probabilidade de um país não cumprir suas obrigações de dívida.

Conheça a seguir alguns dos critérios mais importantes.

Estabilidade política

A estabilidade política de um país é um fator importante na determinação do Risco País. Países que enfrentam incertezas políticas correm o risco de não cumprir suas obrigações de dívida. Por exemplo, uma mudança de governo pode resultar em políticas econômicas diferentes, o que pode impactar a capacidade do país de honrar seus compromissos fiscais.

Índices econômicos

Também é avaliado o desempenho econômico de um país, incluindo o crescimento do PIB, níveis de emprego, estabilidade do setor bancário e outros indicadores macroeconômicos. Países com economias fortes e em crescimento tendem a ter um Risco País menor, pois têm mais recursos para pagar suas dívidas.

Além disso, as agências observam a quantidade de dívidas que um país tem em relação ao seu PIB. Países com níveis elevados de dívida pública podem ser vistos como mais arriscados.

Inflação e taxa de juros

Inflação e juros altos podem ser um sinal de instabilidade econômica, aumentando o Risco País. As taxas de juros podem afetar a capacidade de um país pagar suas dívidas. No Brasil, o indicador oficial da inflação é o IPCA.

Como driblar o Risco Brasil nos seus investimentos?

Agora que você já sabe o que é Risco Brasil e por que ele é tão relevante para o mercado financeiro, provavelmente está se perguntando como proteger os seus investimentos contra os períodos de Risco País elevado, certo?

A melhor forma de se blindar contra a inconstância da economia brasileira é diversificando a sua carteira de investimentos e aplicando parte do seu capital em países com economias mais fortes. Assim, os seus recursos financeiros não ficam presos a uma única economia e sofrem menos com as suas variações. 

Além disso, como o Risco Brasil tende a elevar o preço do dólar em relação ao real, ter investimentos nessa moeda internacional faz com que as suas aplicações se valorizem ainda mais, mesmo em tempos de crise no Brasil. 

Assim, uma boa opção para driblar os efeitos da elevação desse indicador econômico é investir dinheiro nos Estados Unidos ou manter um montante no exterior. 

Com a Nomad, você pode abrir uma conta corrente nos EUA de forma totalmente digital, estando apto para enviar parte do seu patrimônio para sua conta americana sem sair do Brasil.

O seu dinheiro ainda fica protegido pelo Securities Investor Protection Corporation (SIPC), similar ao FGC brasileiro, cuja cobertura é de até US$ 500 mil, sendo até US$ 250 mil em dinheiro.

Quer saber mais sobre como diversificar os seus investimentos de forma segura e conhecer um novo mundo financeiro sem barreiras? Entenda como investir em dólar com o nosso guia completo sobre o assunto!

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