Como criar uma reserva de emergência? [GUIA COMPLETO]

Por:
Caio Fasanella
19/11/2024
|
Atualizado em
19/11/2024
15 min de leitura

A expressão "reserva de emergência" se refere a uma quantia para ser usada em situações de imprevisto. Parece algo simples, concorda? No entanto, é fundamental –  e boa parte dos brasileiros ignora essa recomendação. Muitos nem sabem que é preciso deixar um montante separado e a consequência disso é o caos financeiro.

Pense nas dívidas de começo de ano. Matrícula, material escolar, IPTU, IPVA etc. tendem a impactar o orçamento mensal. Você pode até ter se preparado para esses gastos, afinal, eles são comuns nessa época. Para entender melhor, criamos este guia completo para você conhecer o assunto e descobrir como criar a sua reserva de emergência. Que tal ler e aplicar essas dicas no seu dia a dia?

O que é reserva de emergência?

A reserva de emergência é um valor poupado e deixado para custear algum imprevisto que aconteça em sua vida. Por isso, esse montante deve estar investido em um produto financeiro seguro, com baixíssima chance de perdas e alta liquidez. Afinal, pode ser necessário fazer o resgate a qualquer momento.

A importância de investir esse dinheiro –  em vez de guardá-lo embaixo do colchão  – é garantir que a inflação não te afete negativamente. Além disso, vale a pena reforçar que essa quantia deve ser utilizada somente quando realmente for necessário. Assim, você evita problemas financeiros que podem desequilibrar suas finanças. Algumas situações que podem levar a esse cenário são:

  • Desemprego
  • Tratamento de saúde
  • Viagem inesperada
  • Mudança de cidade, estado ou país
  • Gastos com burocracias
  • Extrapolamento dos gastos no cartão de crédito
  • Reparos ou manutenção inadiáveis na casa ou no carro

No entanto, é fundamental formar essa reserva e manter a disciplina nos gastos. Caso contrário, você terá que sacar alguma quantia todos os meses e o dinheiro deixará de ser usado para emergências

Portanto,  é também fundamental planejar os gastos. Assim,  além de saber o que é reserva de emergência, você  conseguirá aplicar esse conceito da forma certa, e começar uma trajetória de investimentos – tanto no Brasil quanto no exterior.

Como funciona a reserva de emergência?

Basicamente, essa quantia funciona de maneira muito simples: você economiza, poupa e investe o dinheiro até ter um montante razoável.

Esse valor servirá para imprevistos e precisa estar em um local em que traga alguma rentabilidade, para não perder o poder de compra. Ao mesmo tempo, deve oferecer liquidez, para permitir o resgate a qualquer momento.

Quem deve ter uma reserva de emergência?

A resposta é simples: toda pessoa deve se preocupar em criar e conservar uma reserva de emergência, principalmente para manter uma saúde financeira equilibrada e evitar recorrer a empréstimos e cheque especial, que têm juros altos.

Afinal, a reserva de emergência não é o recurso que você poderá usar quando quiser, mas principalmente quando precisar. E saber que, em qualquer situação fora de controle, temos um valor guardado que pode ser usado para isso traz um grande alívio.

Além disso, se você tem dificuldade em investir e guardar dinheiro de modo geral, a reserva é uma ótima maneira de começar. Investimento é um hábito que, uma vez estabelecido, se torna mais fácil para conquistar outros objetivos.

Como formar a sua reserva de emergência?

Agora que você já sabe e entende a importância de ter esse dinheiro guardado para eventuais problemas e gastos não previstos, é hora de aprender como começar a formar a reserva. Por exemplo, onde guardar o dinheiro de emergência? Como criar essa reserva? Quais investimentos são mais recomendados?

A resposta a esses questionamentos está a seguir. Veja como estruturar sua reserva de emergência:

Deixe as contas organizadas

Comece com a organização do seu orçamento. Veja quanto você ganha e quanto realmente gasta. Faça um planejamento. Vale a pena definir metas de consumo por categoria e realizar alguns cortes de gastos desnecessários. Além disso, pague tudo em dia e, se tiver dívidas, quite-as ou renegocie com o credor.

Defina um valor para poupar todo mês

Economizar é diminuir os gastos. Poupar é deixar essa quantia guardada, sem gastar com outra coisa. Você deve fazer isso todos os meses, estabelecendo uma meta realista. Então, adote a ideia do “se pague primeiro”.

Na prática, isso significa reservar o dinheiro para emergências assim que a sua renda chegar. Dessa forma, você terá a disciplina necessária para ter esse montante separado para imprevistos.

Invista esse dinheiro

O investimento para reserva de emergência precisa apresentar duas características principais: ter alta liquidez e ser seguro. Adiante, vamos trazer mais dicas para você entender quais ativos escolher. Por enquanto, vale a pena entender que a quantia deve estar disponível a qualquer momento.

Evite usar esse dinheiro

O nome já deixa claro:essa quantia deve ser utilizada somente para emergências. Ou seja, ela não deve ser usada quando você quiser, mas, sim, quando você precisar. Assim, você terá um seguro pessoal que atenderá a diferentes situações e necessidades inesperadas.

Portanto, você deve utilizar o valor para evitar o endividamento. Por sua vez, essa quantia não deve ser empregada para quitar dívidas. Parece incoerente? A explicação é simples.

As dívidas que você já tem devem ser quitadas com a sua renda normal. Assim, elas devem estar previstas no seu planejamento financeiro. Inclusive, é indicado fazer esse pagamento ao mesmo tempo em que você forma a sua reserva de emergência.

Novas dívidas podem ser evitadas com a ajuda da reserva para emergências. Assim, em vez de parcelar um serviço e pagar juros, você utiliza o dinheiro  da sua reserva.

Entendeu a diferença? Fazendo isso, você tem a segurança de que conseguirá quitar suas dívidas e ter a sua reserva de emergência bem estruturada. Dessa forma, chegará a um novo patamar financeiro.

Leia também: Seu nome está sujo? Saiba se o seu CPF está negativado e como resolver.

Qual o valor ideal para sua reserva de emergência?

Não há uma regra única e fixa para determinar o valor ideal de uma reserva de emergência, pois depende de diversos fatores, como pessoais, profissionais e econômicos. No entanto, a recomendação mais comum é que a reserva de emergência seja suficiente para cobrir de 6 a 12 meses das suas despesas mensais.

Ter uma reserva que cubra esse período garante que, mesmo em tempos difíceis, a pessoa poderá manter seu padrão de vida sem cortar despesas essenciais, como alimentação, moradia, saúde e educação.

Para começar a poupar, você pode seguir o método 50-30-20, uma abordagem prática e simples de gerenciamento financeiro, que propõe dividir sua renda em três categorias principais:

  • 50% vão para gastos mensais fixos, como moradia, alimentação, educação, contas básicas, entre outros
  • 30% são destinados para gastos não fixos, mas que melhoram sua qualidade de vida, como cinema, viagens, passeios, etc
  • E, por fim, 20% da sua renda são destinados para sua reserva de emergência. Assim que valor cobrir de 6 a 12 meses da sua renda total, você pode destiná-lo para outros investimentos.

Claro que o método não é uma regra. Você pode distribuir de outra maneira, destinando mais ou menos da sua renda para a reserva de emergência.

Como investir sua reserva de emergência?

Após determinar o valor a ser destinado para sua reserva de emergência, o próximo passo é entender onde alocar esses recursos e quais as melhores opções de investimentos para ter o dinheiro rendendo de forma atrativa, mas mantendo o resgate rápido.

Lembre-se de que a motivação para esse investimento não é obter ganhos expressivos, mas, sim, garantir a disponibilidade imediata em caso de necessidades inesperadas. O foco na reserva de emergência deve ser a liquidez, e não o retorno financeiro.

Ao escolher a instituição para deixar sua reserva de emergência, leve em consideração:

  • Liquidez: capacidade de acessar o dinheiro rapidamente.
  • Custo-benefício: evitar altas taxas administrativas e tributárias.
  • Segurança: preferir opções com cobertura do FGC ou de outros mecanismos de proteção.
  • Estabilidade: evitar variações bruscas no valor do investimento.

Por conta disso, não é aconselhável colocar sua reserva em ativos como fundos imobiliários, ações, fundos multimercados ou investimentos com vencimentos longos.

Os investimentos de perfil conservador, com liquidez imediata, são a escolha acertada para a reserva. Confira algumas alternativas:

  1. Tesouro Selic: título do governo que paga conforme a taxa Selic vigente. Oferece liquidez diária, e até R$ 10 mil estão livres de taxa de custódia da B3.
  2. Fundos de renda fixa conservadores: investe em ativos ligados à taxa DI ou a outros ativos de renda fixa, com liquidez no mesmo dia ou no dia subsequente.
  3. CDBs com liquidez diária: emitidos por bancos e atrelados à taxa CDI. Existem opções com acesso diário e rendimento em torno de 100% do CDI.
  4. Carteiras digitais e contas remuneradas: alternativa emergente que paga uma porcentagem da taxa DI sobre o montante na conta, como 100% do CDI.

Dicas para criar a reserva de emergência

Montar uma reserva de emergência parece uma tarefa simples. Mas é essencial seguir um planejamento para que o hábito de investir faça parte da sua rotina. Veja algumas dicas muito importantes para que você construa uma reserva financeira sem se comprometer financeiramente:

1. Faça um levantamento das suas despesas fixas

Antes de começar a investir de fato, liste todas as suas despesas recorrentes, como moradia (aluguel ou valor de financiamento), contas básicas, gastos com saúde, educação e tudo que é pago de forma regular.

Ao conhecer sua realidade mensal, você conseguirá determinar quando poderá destinar para sua reserva.

2. Estipule o valor ideal para sua reserva

Com base em suas despesas, defina o valor que sua reserva de emergência deve ter. Como falamos acima, a sugestão é que a reserva cubra de 6 a 12 meses de gastos. Entretanto, se você é autônomo ou empreendedor, é prudente ter uma reserva que abranja um período ainda maior.

Você pode ter como base o método 50-30-20 explicado acima ou definir uma porcentagem maior ou menor para investir. O importante é começar, mesmo que seja com pouco.

3. Decida onde alocar sua reserva

Seu dinheiro deve ser mantido em um lugar que seja de fácil acesso e tenha liquidez. Existem diversas opções para guardar sua reserva de emergência, como vimos anteriormente.

Uma dica super importante é priorizar investimentos que acompanham ou superam a inflação, que atinge diretamente nosso poder de compra, como veremos abaixo.

O impacto da inflação na sua reserva de emergência

Outra preocupação para se ter em mente no planejamento da sua reserva de emergência é o impacto da inflação sobre o valor guardado. Afinal, a inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), é um fenômeno econômico que indica diminuição do poder de compra, ou seja, seu dinheiro pode valer menos após determinado período.

Como a inflação pode corroer significativamente o valor real da sua reserva de emergência ao longo do tempo, manter a reserva em uma conta corrente com rendimento ou poupança pode não ser a melhor opção.

Então, como proteger seu dinheiro dos efeitos da inflação? Se você definiu um valor de aporte inicial, é preciso investir com certa frequência – mensal, por exemplo, para que o valor possa ser corrigido e manter seu poder de compra.

Erros comuns ao criar uma reserva de emergência

Além de não investir de forma recorrente para fugir dos efeitos da inflação, há outros erros que você deve evitar para que sua estratégia não dê errado e você fique sem recursos em caso de algum imprevisto.

Os principais são:

1. Não estabelecer um objetivo claro

O objetivo da sua reserva de emergência pode variar, como ter um montante para cobrir eventuais despesas ou até mesmo planejar ter dinheiro suficiente para cobrir suas despesas por um período de tempo, de 3 meses, por exemplo.

Seja qual for sua meta com a reserva de emergência, é preciso ter um objetivo muito claro para calcular quanto é preciso poupar, levando em consideração sua realidade financeira.

2. Usar a reserva em despesas não emergenciais

Outro erro comum é usar a reserva de emergência para despesas que não são de fato emergências. Compras impulsivas, viagens ou a aquisição de bens de consumo, por exemplo, não devem ser feitas utilizando sua reserva de emergência.

Lembre-se que essa reserva deve ser usada apenas em situações de emergência reais, como perda de emprego, imprevistos por conta de saúde ou reparos urgentes na casa..

3. Não repor o dinheiro usado

Um erro comum que muitas pessoas cometem é esquecer de repor o dinheiro retirado, o que pode te deixar vulnerável no futuro. Após usar sua reserva, é crucial começar a repor o mais rápido possível, mesmo que seja aos poucos.

4. Não começar por parecer difícil

Muitas pessoas desanimam com o valor que precisam ter para a reserva e acabam desistindo de começar, por parecer que nunca irão atingir a quantia desejada. Lembre-se: é melhor começar com uma pequena quantidade e aumentá-la gradualmente do que não começar nunca.

5. Manter a reserva em um investimento de baixo rendimento

Como explicado anteriormente, é muito importante que seu dinheiro fique em um investimento com rendimento próximo ou superior à inflação.

Depois de formar a sua reserva de emergência, você já adquiriu o hábito de economizar, poupar e investir. Então, está na hora de pensar em diversificar ainda mais a sua carteira. Nessa hora, vale a pena considerar os ativos estrangeiros.

Eles podem oferecer um potencial de rentabilidade maior porque estão atrelados a uma moeda mais forte. Assim, ao saber como investir em dólar, por exemplo, você garante uma proteção maior para o seu patrimônio.

É exatamente isso que a reserva de emergência prega. Por isso, ela é o primeiro passo para a sua autonomia e a sua liberdade financeira. Depois disso, basta continuar para organizar seu orçamento e ter um futuro mais tranquilo.

E agora que você já sabe como fazer uma reserva de emergência e organizar as suas finanças pessoais, que tal conhecer um pouco mais sobre os investimentos de renda fixa? Confira o conteúdo completo que preparamos sobre o tema.

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