Radar Semanal Dólar: Volatilidade do dólar em meio a avanços e recuos na guerra comercial EUA-China

Acompanhe nossas análises diárias e resumo semanal sobre os movimentos do dólar

por

Bruno Shahini

4 min

-

Publicado em

13/4/2025

Navegue pelo conteúdo

A semana foi marcada por uma elevada volatilidade no mercado cambial, impulsionada principalmente pelas tensões comerciais entre Estados Unidos e China. A disputa tarifária intensificou-se após Pequim elevar tarifas sobre produtos americanos em retaliação às sobretaxas impostas por Washington, levando a uma forte aversão ao risco. O dólar chegou a enfraquecer globalmente, com o índice DXY recuando abaixo dos 100 pontos pela primeira vez desde julho de 2023; entretanto, o real não conseguiu acompanhar esse movimento devido à preferência dos investidores por moedas de países desenvolvidos.

11/04/2025- Real ignora enfraquecimento global do dólar em meio à aversão ao risco

O cenário continua sendo dominado pelas tensões comerciais entre EUA e China, após Pequim elevar as tarifas sobre produtos americanos em resposta às sobretaxas impostas por Washington. A escalada da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo parece estar longe de um desfecho, com ambas as partes mantendo posturas rígidas e pouco inclinadas a realizar concessões curto prazo.

Apesar de o dólar se enfraquecer globalmente – com o índice DXY recuando abaixo do nível de 100 pontos na sessão de hoje, menor patamar desde julho de 2023 –, o real não conseguiu se beneficiar do movimento de queda da moeda americana. Dentro deste contexto de incertezas, observa-se um fluxo internacional direcionado principalmente às moedas de países desenvolvidos, como o euro e o iene, enquanto divisas emergentes recebem menor atenção dos investidores, limitando uma valorização mais significativa do real.

10/04/2025 - Alívio nos mercados não elimina incertezas sobre guerra comercial

Embora a pausa de Trump no aumento de tarifas recíprocas tenha sido um fator-chave de alívio nos mercados de ações, as incertezas ainda permanecem. A volatilidade da política comercial de Trump deve continuar sendo um fator de pressão negativo para as moedas emergentes, especialmente o real. A economia brasileira tem elevada sensibilidade à diminuição do crescimento da China e a taxa de cambio vem sendo vem sendo um dos principais mecanismos de transmissão desses riscos.

09/04/2025 - Mercados se recuperam após trégua temporária nas tarifas, beneficiando o real

Após a decisão de Trump de suspender temporariamente (por 90 dias) o aumento das tarifas recíprocas para a maioria dos países — com exceção da China, para quem a tarifa subiu imediatamente para 125% —, o mercado apresentou forte recuperação. Trump justificou o alívio generalizado pela ausência de retaliações e pelo interesse significativo em fechar acordos por meio de negociação. Contudo, a pressão sofrida pelo mercado parece ter desempenhado um papel importante nessa decisão, sugerindo que o chamado “Trump put” — termo que se refere à expectativa dos investidores de que Trump interviria com medidas para apoiar os mercados em caso de quedas acentuadas — continua sendo relevante. Nesse contexto, observamos uma melhora significativa no humor dos mercados globais  com o real devolvendo as perdas obtidas ao longo da semana. A melhora vinda do fator externo foi o grande evento de hoje, que beneficiou os ativos brasileiros, impulsionando principalmente a bolsa e aliviando as pressões recentes sobre o câmbio e os juros futuros.

08/04/2025 -Escalada iminente da guerra comercial entre EUA e China pressiona real

Tivemos mais um dia de aversão ao risco nos mercados internacionais, sendo a questão das tarifas o principal fator que movimentou os mercados hoje. O aprofundamento de uma guerra comercial entre China e Estados Unidos parece iminente após o término do prazo para que a China retirasse as tarifas retaliatórias impostas .Para agravar o cenário, o presidente americano Donald Trump prometeu implementar tarifas adicionais de 50%  caso não fosse alcançado um acordo. Em resposta, o Partido Comunista Chinês afirmou que o país está preparado para "lutar até o fim" caso Trump leve adiante a aplicação dessas sobretaxas.

Esse cenário representa um risco significativo para o Brasil, uma vez que uma escalada na guerra comercial resultaria em menor crescimento econômico da China, cujo desenvolvimento depende fortemente das exportações para o restante do mundo. O real reagiu de forma adversa, refletindo a elevada exposição da economia brasileira à economia chinesa, em função do intenso comércio bilateral. Além disso, a China é o maior comprador global de commodities, e grande parte das exportações brasileiras é direcionada ao país asiático, portanto qualquer sinal de enfraquecimento na economia Chinesa é negativo para nossa pauta de exportação. Diante desse cenário de incertezas, o real foi o canal mais sensível de transmissão desse possível choque externo no contexto de uma escalada de tensões entre as duas maiores economias do mundo.

07/04/2025 - Incertezas tarifárias geram volatilidade e dólar fecha acima de R$5,90

A sessão de hoje foi marcada por forte volatilidade nos mercados. O tema das políticas tarifárias de Trump continua sendo o principal fator de risco. Houve relatos sobre uma possível suspensão de 90 dias na implementação das tarifas para todos os países afetados, com exceção da China — notícia que foi posteriormente desmentida pelo próprio Trump. Essa reversão levou os mercados a devolverem grande parte dos ganhos do dia e impulsionou o movimento de alta do dólar.

O cenário em torno do escopo das políticas tarifárias vem se desdobrando entre países que pretendem iniciar negociações com os Estados Unidos e aqueles que irão optar por retaliar as tarifas impostas — sendo o caso mais notável o da China.

A divulgação de que a China irá retaliar as tarifas dos EUA gerou uma nova reação de Trump, que afirmou que poderá impor tarifas adicionais, citando ele mesmo um possível aumento de até 50%. Essa possível escalada na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo provocou um aumento na aversão ao risco nos mercados, o que afetou particularmente as moedas de países emergentes — especialmente o real, que encerrou a quarta sessão consecutiva em de alta em patamares acima de R$5,90.

Bruno Shahini

Com 9 anos de experiência no mercado financeiro, atuou na Votorantim Asset e no Banco Daycoval, é economista formado no Insper e possui as certificações CFP® (Certified Financial Planner) e CGA (Gestão de Carteiras ANBIMA)

newsletter

Junte-se a mais de 2 milhões de investidores no exterior

Veja a última newsletter

Inscrição enviada!

Agradecemos seu interesse em receber nossos conteúdos.

Ops! Algo deu errado em sua inscrição. Por favor, tente novamente.

No items found.