Como investir em momentos de volatilidade extrema

O segundo trimestre de 2025 foi inaugurado com um dos eventos mais temidos dos últimos tempos. Como investir agora?

por

Danilo Igliori

Paula Zogbi

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Publicado em

9/4/2025

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Este conteúdo faz parte da Carta Mensal de Investimentos de abril de 2025. Acesse o material completo aqui.

O segundo trimestre de 2025 foi inaugurado com um dos eventos mais temidos dos últimos tempos: o “Liberation Day” (“Dia da Libertação”), em que os Estados Unidos anunciaram tarifas “recíprocas” abrangendo quase todas as economias com quem realizam transações comerciais. E o resultado foi pior que o esperado: segundo os cálculos da Tax Foundation, a tarifa média sobre importações subirá de 2,5% em 2024 para 16,5% - a maior desde o período da Grande Depressão e acima da estimativa anterior, que era de 13,8%. 

Além disso, tudo indica que as incertezas estão apenas começando, com alguns países já anunciando retaliações no que parece ser o início de uma guerra comercial mais ampla, aumentando os impactos potenciais. A resposta imediata do mercado não poderia ser outra: volatilidade. Os ativos de risco (de bolsas a cripto) derreteram na sequência dos anúncios, e os agentes de mercado passaram a precificar um risco cada vez maior de uma recessão nos EUA, refletido nos juros dos treasuries, já que tarifas aumentam os custos das empresas, diminuindo seus retornos e podendo pressionar a inflação e o desemprego. 

Os próximos movimentos de curto prazo para o dólar e ativos de risco são imprevisíveis, e comprar com recorrência, criando um preço médio, continua sendo a melhor forma de buscar resultados mais consistentes. Neste contexto, quedas de curto prazo podem significar oportunidades de diminuir esse custo. A descorrelação entre ativos financeiros pode ser o seu maior escudo contra a incerteza, e investir globalmente é essencial para buscar esse efeito.

Mas acreditamos que o momento pede cautela e reforço de estratégias defensivas. Ao longo do primeiro trimestre, 107 companhias publicaram projeções (guidances) para os resultados do período - destas, 68 emitiram expectativas de lucro por ação negativas, um número acima da média. Setores com forte influência nos índices amplos, como tecnologia, estão entre os que têm mais companhias emitindo guidances negativos, enquanto segmentos defensivos, como energia e utilidades públicas, são menos afetados, assim como companhias consolidadas e boas pagadoras de dividendos. 

Fora da bolsa, vale revisar (e, se for o caso, reforçar) posições em ativos defensivos, como reservas de valor (ouro, por exemplo) e ativos reais, com o cuidado de evitar aqueles que são muito sensíveis à atividade econômica (como cobre e petróleo, por exemplo). Para a parcela arrojada, adeque a posição ao seu perfil e prazos - choques econômicos são normais e, em geral, temporários. O importante é ter o conforto de uma carteira equilibrada e protegida.

Danilo Igliori

Economista-chefe da Nomad. Professor do Departamento de Economia da FEA-USP, PhD pela Universidade de Cambridge. Foi um dos fundadores da DataZAP, no Brasil já atuou em empresas como BTG Pactual, Unibanco, Vale, Grupo Zap e OLX, e no Reino Unido, em agências internacionais como Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Paula Zogbi

Gerente de Research e Head de conteúdo na Nomad, tem mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro, foi head de conteúdo na XP, analista na Rico e jornalista na InfoMoney e EXAME. É graduada em jornalismo pela USP e tem certificação CNPI pela Apimec.

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